A Arte como eixo de vida

Meu avó materno, chefe de cozinha de profissão, imigrante italiano e meu pai, policial, amavam pintar, eram amadores esforçados e passavam tardes de finais de semana pintando paisagens na varanda de meu avô. O dinheiro era pouco, o acesso à materiais de pintura nos anos 60 e 70 difícil, o que os levou a usarem materiais do cotidiano, fazendo suas telas com sarrafos de caixote de tomate e forrando com lençóis velhos e usando tinta de parede. Seu empenho e a felicidade de pintar enchiam meus olhos e meu coração.

Passei a adolescência rabiscando papéis, fiz curso técnico no Liceu de Artes e Ofícios e a necessidade de trabalhar e ganhar meu sustento me fez fazer concurso e me tornou bancário por longos 15 anos. Sempre desenhando e buscando viver uma profissão relacionada com arte, me tornei arte finalista e diagramador, fazia charges e ilustrações e consegui um trabalho em comunicação. Me formei em publicidade, fiz pós em marketing e fiquei 30 anos na profissão, sem abandonar os lápis e pincéis.

Hoje, quando não estou com os pincéis na mão, passo boa parte de meu tempo imaginando minhas telas, algumas ideias se concretizam, outras são arquivadas, aguardando seu momento.

Ainda adolescente tive acesso a uma coleção de livros sobre arte e fiquei maravilhado pelo impressionismo. Com o correr dos anos percebi que apesar de continuar amando essa escola, ela não era mais a minha motivação pictórica. Senti que me expressava melhor com cores chapadas, grandes massas de cor, sem contornos evidentes, sem respeitar o naturalismo, bebi do Fauvismo e da Pop Art e busquei meu estilo.

Meus filtros pessoais, minha vivência e meus princípios estão sempre presente no que pinto. Alguns artistas são mestres em retratar com fidelidade a natureza. Não é meu caso, não cou competir com a perfeição, prefiro expor a forma como vejo e sinto o mundo, suas coisas e pessoas.